FILTE © 2018
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Yael Karavan
KARAVAN ENSEMBLE (Reino Unido)
Yael Karavan
KARAVAN ENSEMBLE (Reino Unido)
FILTE © 2018
COLÓQUIO
A edição n°10 do Colóquio Internacional Cênico da Bahia - CICBahia, uma parceria entre o Programa de Pós Graduação em Artes C~enicas da Ufba e o festival Internacional Latino-Americano de Teatro da Bahia, retoma o debate sobre a importância do corpo do ator como locus do processo criativo, considerando todo o tecido imanente que, através do treinamento psico-físico, traduz-se em territórios energéticos, conceituais e epistemológicos.
Mais recentemente, este contexto deu voz a uma demanda crescente do campo das artes cênicas para documentar e analisar processos e técnicas criativas - que, no vocabulário de um artista é chamado de treinamento - de uma perspectiva corporificada, que conecta o processo de fazer e a poética do artista a uma estrutura social e política mais ampla. Como John Matthews observa: “Por causa dos problemas específicos apresentados por ser um corpo-no-mundo hoje, o treinamento alcançou um novo status como uma ideologia global”(2014, 7). A partir dessa perspectiva, esse colóquio propõe uma discussão sobre treinamentos do ator como modo de pesquisa corporificada crítica.
Os treinamentos dos atores de teatro laboratório caracterizam-se por uma relação dialética entre fidelidade e ruptura. Romper com tradições pode revelar aporias, que conduzem os praticantes ao desconhecido, a um não-lugar, a um espaço entre. Esses espaços são frequentemente de natureza energética, caracterizados por afeto e fluxos de impulsos, traduzidos pelo ator em ações concretas. Essas ações frequentemente se consolidam em novos exercícios que renovam a prática de treinamento do ator, permitindo o aprofundamento do que se poderia chamar de técnica invisível. Através do termo “técnica invisível”, nos referimos, seguindo Massumi (2002), ao reino material incorpóreo do conhecimento tácito do ator; o fluxo de afetos, o bios cênico cultivado por meio do treinamento psicofísico, entendido, segundo Zarrilli (2010), como uma forma de ‘pensar pelo corpo’. Esse conhecimento não é meramente baseado em habilidades ou fruto da imersão em uma forma de atuação codificada; é antes, diríamos, um devir presente, uma capacidade de articular qualidades energéticas distintas através do corpo no espaço-tempo, que mais tarde pode ser canalizada para a cena.
Um conceito-chave dentro do campo do teatro laboratório, relacionado a experiências concretas de presença e energia, é a noção de corpo transparente. Iben Nagel Rasmussen, atriz do Odin Teatret, define esse corpo transparente como um corpo em fluxo contínuo: um corpo que, através de sua fisicalidade se torna transparente, e assim, possibilita que ‘uma outra coisa apareça' (LA SELVA, 2018: 140). Ter noção deste fenômeno e fazer disto um exercício consciente no campo teatral, possibilita que o ator trabalhe desde cedo com as ferramentas desenvolvidas pelo seu próprio corpo, através de treinamentos corporais diversos.
Portanto, ao propor a incorporação desses conceitos como um processo epistêmico, que parte de um conhecimento corporificado, nosso objetivo é olhar para as estratégias contemporâneas de abordagem sobre genealogias de treinamento do ator, onde essas trajetórias desempenham um papel ativo no reconhecimento de legados dentro do teatro laboratório e suas futuras ramificações. Tópicos a serem articulados incluem:
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o que significa tornar um corpo “transparente”? O que é revelado, e o que desaparece, nesse processo?
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Como articular, no plano discursivo, o trabalho energético do ator contemporâneo?
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Como abordagens práticas que reconheçam questões identitárias e epistemologias-situadas podem revelar esses corpos transparentes?
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Qual seria o papel dos grupos do teatro laboratório, ou do chamado “Terceiro Teatro,” em termos de preservar e ampliar genealogias práxicas do treinamento psico-físico relacionado à cultivação e modulação energética?
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Até que ponto o labor contínuo do treinamento atenua ou desloca a pulsão cultural de formas estéticas?
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O teatro laboratório e a prática como pesquisa - encruzilhadas e (des)encontros
Sendo assim, o CICBahia será um espaço de reflexão e de vivências teóricas e práticas articuladas em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia – UFBA e o FilteBahia. O Colóquio Corpos Transparentes: Pesquisa corporificada e treinamentos do ator, traz pesquisadores de renome nacional e internacional para estabelecer um diálogo entre os treinamentos corporeais do ator e teorias contemporâneas relacionadas com a diversidade e multiplicidades de saberes.
O COLÓQUIO SE ENCONTRA EXPANDIDO DENTRO DA PROGRAMAÇÃO DO FILTEBAHIA. CORRA E SEGURE A SUA VAGA